Varíola dos macacos: 95% dos casos transmitidos sexualmente
Preocupação global pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O Brasil registrou 607 casos da varíola dos macacos até a última sexta-feira (22/07). O saldo é mais do que o dobro verificado no último dia 9, quando havia 218 diagnósticos confirmados em todo o país. Só o estado de São Paulo acumulava 590 casos até esta segunda (25/07).
Uma nova pesquisa analisou 528 casos da doença e concluiu que 95% das infecções ocorreram durante o contato sexual. A doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), mas é disseminada principalmente por contatos durante o sexo neste novo surto, considerado como emergência pública de preocupação global pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O novo estudo foi publicado na última quinta (21/07) no New England Journal of Medicine. Os 528 casos analisados na pesquisa foram registrados em 16 países –o Brasil não compõe a amostra— entre abril e junho deste ano.
Em sua grande maioria, os infectados eram homens gays ou bissexuais –eles representaram 98% dos participantes. Clarissa Damaso, que não assina o estudo e é virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que esse perfil demográfico já era observado em grande parte dos países com novos diagnósticos da doença.
A OMS também já havia alertado que a disseminação da doença se dá principalmente em homens que fazem sexo com outros homens. Segundo a organização, 90% dos casos confirmados são nessa população –percentual próximo ao encontrado na nova pesquisa.
No estudo recém-publicado, o sêmen de 32 pacientes foi analisado para averiguar a presença do DNA do monkeypox, vírus que causa a varíola dos macacos. Desse número, 29 registraram a presença do patógeno. Outras pesquisas já tinham identificado o vírus no sêmen de pacientes. No entanto, nenhuma identificou o vírus ativo no sêmen ou em fluido vaginal, afirma Damaso.