Garotas de 10 a 18 anos podem criar aplicativos na USP São Carlos e participar de desafio internacional
Escola de verão, que está com inscrições abertas, quer contribuir para reduzir a desigualdade na área de tecnologia, setor em que apenas 20% dos profissionais são do gênero feminino
Se você tem de 10 a 18 anos e quer ingressar no mundo da tecnologia, não pode perder esta oportunidade: a USP oferecerá uma escola de verão gratuita para garotas aprenderem a criar aplicativos para celular, a Technovation Summer School for Girls. As atividades serão realizadas no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), em São Carlos, durante cinco sábados, das 9 às 18 horas, começando dia 7 de março. Em todos os encontros serão oferecidos lanches e refeições a todas as inscritas.
O objetivo é ensinar as garotas a transformarem ideias em aplicativos, apresentando métodos inovadores e estimulando habilidades relacionadas a empreendedorismo, trabalho em equipe e à arte de falar em público. Voltada a todas as interessadas, a iniciativa é destinada, preferencialmente, para quem está na rede pública de ensino.
Para participar, não é preciso ter nenhum conhecimento prévio sobre computação, basta se inscrever a partir desta segunda-feira, 10 de fevereiro, no formulário disponível neste link: icmc.usp.br/e/b8253. Este ano será a segunda edição do evento, que aconteceu pela primeira vez em 2019, quando as 200 vagas disponíveis se esgotaram em menos de 24 horas.
Outra meta da escola de verão é possibilitar que os projetos desenvolvidos pelas garotas no ICMC sejam inscritos em um desafio internacional, o Technovation Challenge. Voltado a estudantes do ensino fundamental e médio, o desafio estimula as garotas a criarem aplicativos que solucionem um problema social.
Além disso, as participantes da escola de verão concorrerão a prêmios: as equipes que criarem os melhores projetos ganharão cursos por um ano na Yadaa, uma escola de ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática que apoia o evento.
“Cada sábado é destinado ao aprendizado de uma temática. Assim, as garotas poderão compreender novos conceitos durante as apresentações das especialistas e, logo depois, terão tempo hábil para colocar em prática os conhecimentos adquiridos”, acrescenta a professora, que coordena o Grupo de Alunas nas Ciências Exatas (GRACE). Criado em 2018, o grupo de extensão é ligado ao ICMC e tem como objetivo desenvolver atividades na área de tecnologia e ciências exatas voltadas para o público feminino. Fazem parte do GRACE, que coordena a escola de verão, estudantes de graduação e de pós-graduação da USP. São esses estudantes que darão apoio às garotas inscritas na Technovation Summer School for Girls, as quais também contarão com a ajuda de mentores voluntários: profissionais de diversas áreas como tecnologia, engenharia e negócios que acompanharão de perto o trabalho das equipes ao longo dos sábados.
Com 16 anos, Sarah Piedade de Oliveira foi umas das 162 garotas que participou integralmente da primeira edição da escola de verão, realizada no ano passado: “Todas as atividades foram ministradas por mulheres que estão nesse meio, que é super restrito. Elas mostraram os exemplos delas e deram apoio para a gente seguir e sempre querer aprender mais”.
Tal como da primeira vez, este ano as participantes se dividirão em times, com até 5 colegas, para criar os aplicativos. Esses grupos, por sua vez, são separados em duas categorias: Sênior, voltado para meninas de 15 a 18 anos; e Júnior, destinado a quem tem de 10 a 14 anos.
Para conhecer esses três aplicativos semifinalistas, assista aos vídeos disponíveis neste link: icmc.usp.br/e/dcfea. Vale lembrar que, no ano passado, a plataforma do desafio contabilizou inscrições de 7,2 mil meninas de 57 países. Desse total, 1.226 eram brasileiras, reunidas em 216 diferentes grupos. Como semifinalistas do desafio havia 150 equipes no total, sendo 15 times do Brasil: 9 na categoria Sênior e 6 na Júnior.
Em 2020, quem decidir se inscrever no Technovation Challenge poderá conquistar um lugar entre as 10 equipes finalistas (5 por categoria) do mundo e participar de um evento global na Califórnia, nos Estados Unidos, onde terão experiências valiosas em rede com colegas e líderes da indústria de tecnologia. O prêmio, que tem um valor aproximado de US$ 10.000 por equipe, inclui o pagamento das despesas de viagem, acomodação e alimentação. Já o prêmio para o primeiro lugar de cada categoria é de US$ 3.000. Além disso, haverá reconhecimento especial nas categorias Tecnologia e Escolha do Público.
Considerando-se os profissionais atuantes na área em 2014, apenas 20% são do gênero feminino segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) fez um levantamento em 2016 mostrando que mais de 80% dos mestres e doutores em computação no nosso país são do gênero masculino.
É por isso que iniciativas como a Technovation Summer School for Girls são muito bem-vindas. As duas edições da escola de verão estão sob o guarda-chuva de um grande projeto chamado Ações no ensino fundamental e médio: inclusão feminina no ensino superior de ciências exatas. Aprovado pelo CNPq no final de 2018, o projeto contou com R$ 95 mil para desenvolver diversas atividades.
A iniciativa, que também é coordenada pela professora Kalinka, tem, ainda, o apoio da Diretoria de Ensino de São Carlos e da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), por meio do programa Meninas Digitais. Já a escola de verão deste ano terá entre os patrocinadores o Google, é co-realizada pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e conta com o apoio da Prefeitura Municipal de São Carlos, e da Companhia de Dança do CAASO.